domingo, 27 de janeiro de 2008

Cabo Frio, 27 de janeiro de 2008.

Querido Lucas,

Estava calorosamente lendo "Cartas perto do Coração", de Fernando Sabino e Clarice Lispector.
É um livro ótimo. É muito bom poder ler o outro lado da minha (a pretensão do possesivo!) amada Clarice e descobrir um Sabino até então desconhecido. Recomendo-lhe muito. São cartas trocadas enquanto ela vivia fora do país.
Para essas férias, é um perfeito momento de reflexão, tão prazerosa que me penalizo por tantas vezes trocá-lo pela sempre presente preguiça!
Acontece que falo, falo e o porquê deste blog (ai, os estrangeirismos...) não revelo. É que lendo certa carta percebi um humor irônico-triste, não sei, mas um tom poético assim, que me lembrou você. E não quero me comparar à Clarice (seria como dar a um bagaço de limão o título nobre de limonada suíça!), mas pensei cá com meus botões (deste pijama que não os tem) que me felicitaria muito poder escrever “cartas virtuais” a você. Como aqueles papos que tínhamos, e que se perdem pelo buraco negro da Internet. Aqui eles ficariam guardados.
Mais nova eu trocava muitas cartas e fazia amizades com pessoas também. Era uma alegria imensa a chegada das correspondências e aflita a espera.
Não vejo melhor forma e melhor pessoa para sentir essas preciosidades e compartilhar as surpresas e magias desse mundo cada vez mais internético e prafrentex!

Com todo carinho da prima

Aline.


Uma carta do cazuza dizia mais ou menos assim “escrevo numa tarde cinzenta e fria. Escrevo para espantar a solidão dos meus pensamentos”.
A tarde cabofriense hoje está assim.
O peito dessa que voz fala, também.